Série: quanto custa ter um jardim no condomínio? AS PODAS

por Jordi Castan em 20 de fevereiro de 2019

Chegamos ao final da nossa série sobre os principais custos que podemos ter com o jardim de um condomínio. Minha ideia aqui foi trazer alguns esclarecimentos e informações para ajudar síndicos, gestores e os próprios moradores na hora da implantação de um jardim. Entre essa dicas falamos da manutenção, escolha de plantas e flores, projeto de paisagismo, entre outros fatores. Hoje o último tema fala das podas e de como isso pode interferir no orçamento. Vamos lá!

Podas

Podar ou não podar? esta é a questão. Se acompanharmos atentamente o trabalho do jardineiro veremos que cada vez mais, mais tempo é dedicado a poda dos arbustos. A moda da topiaria tem feito que os jardins tenham cada dia mais plantas topiadas e esta é uma atividade que toma tempo e tem um custo elevado. Mas, é preciso podar? É mesmo necessário podar do jeito e com a frequência que estamos fazendo, ou, tudo isso não é mais que um desperdício de tempo e principalmente de mão de obra e por tanto de dinheiro? Uma manutenção mais econômica e mais natural deve reduzir as podas ao mínimo necessário.

Nada contra os buxinhos (Buxus sempervirens) nem contra as murtas (Murraya paniculata) ou contra as mini pitangas (Eugenia matosii) mas nenhuma destas plantas e tantas outras, precisariam ser topiadas. A topiaria aliás teve seu início no império romano e era trabalho feito por escravo. Depois teve seu auge nos jardins franceses de Versailles, onde os arbustos que formavam os canteiros e as cercas vivas eram cuidadosamente podados por um exército de jardineiros que com milimétrica precisão não permitiam que uma única folha estivesse fora do alinhamento perfeito.

A nossa realidade hoje não pode conviver com este tipo de jardim. Sua manutenção é custosa e exige a presença constante de jardineiros que preservem a forma e o tamanho de cada um dos arbustos. Para um jardim sustentável devemos considerar um projeto mais natural, com formas menos rígidas e que não precise de podas constantes. A pergunta seguinte é lógica: então não é preciso podar?

Sim, o precisamos podar regularmente. Para manter um jardim em boas condições de sanidade e para manter a escala ou até para ter uma melhor floração e desenvolvimento as plantas devem ser podadas. Para isso devemos entender que há diversos tipos de podas e que cada uma delas tem a sua função e importância. As podas mais importantes são:

  • Manutenção
  • Formação
  • Floração

Poda de manutenção

A poda de manutenção tem como objetivo que a planta mantenha o tamanho previsto no projeto, na sua etapa adulta. Além de manter o tamanho e o porte a poda de manutenção busca manter a forma natural de cada planta, corrigindo deformações do resultado da sua localização, da insolação ou de manutenções incorretas, inclusive por acidentes naturais. A poda de manutenção não tem uma frequência preestabelecida, mas podemos considerar que seja necessária no máximo uma única vez ao ano.

Poda de formação

No seu estágio juvenil a maioria de plantas precisam de podas de formação para ajudar que se desenvolvam bem, se mantenham mais sadias e possam alcançar o estado adulto em perfeitas condições. Esta poda implica a retirada do excesso de galhos, a priorização dos galhos principais e a supressão de galhos magros, doentes ou em duplicidade. Deve ser feita na fase de formação da planta, período que dependerá da vida útil de cada uma. No máximo uma ou duas vezes ao ano. Algumas vezes esta poda se faz necessária para corrigir, no momento imediatamente posterior ao plantio, os defeitos que possam ser resultado de um mal cultivo inicial ou de deformações naturais.

Poda de floração

Cada planta tem características próprias e a maioria delas precisa, para ter uma maior floração, ser podada na época adequada e de forma certa. Há uma relação direta entre a poda e a floração, plantas que não sejam podadas corretamente florescem menos, se desenvolvem pior e acabam muitas vezes morrendo ou perdendo vigor até o ponto que seja necessário substitui-las por outras novas ou mais sadias. Para poder realizar estas podas da forma adequada é preciso conhecer cada planta, saber a época de floração, saber quando e como podar e lamentavelmente a maioria dos jardineiros não profissionais não tem este conhecimento. Por isso é comum ver as plantas não florescer por falta de poda na época certa, o até morrer por podas incorretas. 

Bons exemplos de plantas que precisam de podas para florescer melhor são as roseiras (Rosa sp), as espirradeiras (Nerium oleander) Hortênsias (Hidrangea macrophylla) ou os Resedás (Lagerstroemia indica). Hemerocallis, Russelias, Plumbagos e Alamandas são outras que precisam ser podadas uma vez ao ano para manter o vigor e intensidade das suas florações.

Nem a poda de manutenção, nem a de formação e nem a de floração devem ser confundidas com a poda estética ou topiaria que tem como único objetivo manter uma planta com um tamanho e uma forma que não lhe são naturais, mas que tem um objetivo estético e não vegetativo ou funcional.

Assim seria melhor esquecer um pouco a topiaria como uma alternativa e permitir que as plantas adquiram seu porte, forma e características naturais.